Pesquisa brasileira alerta: há microplásticos em camarões de SP

Poluição por microplásticos compromete nutrientes dos camarões e preocupa especialistas em segurança alimentar O post Pesquisa brasileira alerta: há microplásticos em camarões de SP apareceu primeiro em Olhar Digital.

Jan 24, 2025 - 10:08
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Pesquisa brasileira alerta: há microplásticos em camarões de SP

Pesquisadores da Unesp, com apoio da FAPESP, investigam os impactos dos microplásticos nos camarões-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). O estudo avalia tanto os riscos ambientais quanto os efeitos para a saúde humana. As amostras são coletadas na Baixada Santista, área com forte impacto industrial, e em Cananéia, uma região mais preservada. Dados preliminares revelam que até 90% dos camarões analisados possuem microplásticos no trato gastrointestinal.

A pesquisa, conduzida no âmbito do Programa BIOTA, também investiga se os microplásticos afetam a qualidade nutricional dos camarões. Os cientistas avaliam se essas partículas estão presentes na musculatura, parte consumida pelos humanos. O estudo busca preencher lacunas sobre a bioacumulação de microplásticos em espécies marinhas e reforçar a necessidade de medidas para mitigar a poluição nos oceanos.

Microplásticos: o perigo invisível nos oceanos e no consumo humano

Os microplásticos são partículas plásticas menores que 5 milímetros. Eles surgem da degradação de materiais maiores ou são fabricados nesse tamanho para produtos industriais e cosméticos. “Esses fragmentos representam 92,4% dos detritos plásticos nos oceanos e estão presentes em todo o ambiente marinho”, afirmam os pesquisadores. Ou seja, sua presença vai das praias até as profundezas do oceano, afetando diretamente os ecossistemas.

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Contaminação por microplásticos compromete a saúde e o meio-ambiente (Imagem: Sansoen Saengsakaorat/Shutterstock)

Além disso, quando ingeridos, os microplásticos entram na cadeia alimentar e causam impactos significativos. Eles podem provocar lesões internas nos organismos e transferir substâncias químicas tóxicas. No caso dos camarões, a contaminação ocorre porque eles se alimentam de detritos acumulados nos sedimentos marinhos. “Essa característica facilita a análise de bioacumulação, mas também mostra o impacto preocupante nos crustáceos”, destaca a equipe.

O problema exige ações urgentes. Reduzir o descarte inadequado de plástico e criar tecnologias para remover os microplásticos são passos essenciais. Estudos como o realizado pela Unesp ajudam a medir a gravidade do problema. “Essa pesquisa é crucial para orientar políticas públicas e proteger tanto os ecossistemas quanto a saúde humana”, concluem os cientistas.

Microplásticos podem comprometer a qualidade nutricional dos camarões

A contaminação por microplásticos pode comprometer a qualidade nutricional dos camarões-de-sete-barbas, especialmente na musculatura, parte amplamente consumida pelos humanos.

Segundo a pesquisa conduzida pela Unesp, essas partículas plásticas podem interferir na absorção e no armazenamento de nutrientes importantes, como proteínas e minerais, nos tecidos dos crustáceos.

Essa alteração não apenas reduz o valor nutricional do alimento, mas também levanta preocupações sobre os riscos associados ao consumo humano.

Contaminação por microplásticos compromete a musculatura dos camarões e ameaça a segurança alimentar (Imagem: xalien/Shutterstock)

O estudo também aponta que os microplásticos podem causar estresse oxidativo e alterações metabólicas nos camarões, afetando suas funções biológicas. Como resultado, a composição química da musculatura pode ser prejudicada, diminuindo a quantidade e a qualidade dos nutrientes essenciais. “Estamos analisando como essas partículas afetam os tecidos além do trato gastrointestinal, o que é crucial para compreender os impactos diretos no consumo humano”, explica Daphine Herrera, pós-doutoranda envolvida no projeto.

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Em um país como o Brasil, onde frutos do mar são parte significativa da dieta, esses resultados são alarmantes. Garantir que os alimentos marinhos mantenham sua qualidade nutricional é essencial para a segurança alimentar.

A pesquisa da Unesp reforça a necessidade de investigar a extensão dessa contaminação e de buscar soluções para mitigar os efeitos dos microplásticos, tanto nos ecossistemas marinhos quanto na saúde pública.

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