“Exageraram no otimismo e, agora, estão exagerando no pessimismo”, diz Marcos Lisboa

O ex-presidente do Insper e ex-secretário de política econômica participou do painel de macroeconomia do Onde Investir 2025 The post “Exageraram no otimismo e, agora, estão exagerando no pessimismo”, diz Marcos Lisboa appeared first on InfoMoney.

Jan 17, 2025 - 00:57
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“Exageraram no otimismo e, agora, estão exagerando no pessimismo”, diz Marcos Lisboa
Economista Marcos Lisboa fala sobre os desafios do Brasil no Onde Investir 2025, evento produzido pelo InfoMoney. Foto InfoMoney

A atividade econômica está forte, o desemprego está nas mínimas históricas, empresas produzindo e consumidores gastando. Mas, então, o que explica o câmbio acima de R$ 6 e a curva de juros abrindo para os patamares de 2016, pré-impeachment da presidente Dilma Rousseff? Para o economista Marcos Lisboa, é uma resposta ao otimismo exagerado no início do terceiro mandato do presidente Lula, que se reverteu em um pessimismo até maior. 

“Foi tanto otimismo que os economistas e agentes financeiros jogaram as contas de escanteio. Quando veio o encontro com a realidade, a frustração foi maior do que o esperado. Erraram no otimismo e agora estão exagerando no pessimismo”, afirmou Lisboa em painel do último dia do Onde Investir 2025, evento promovido pelo InfoMoney

Para Lisboa, os investidores estrangeiros e locais apostaram muito no Brasil logo que o presidente Lula foi eleito. Ele disse no painel que o clima era de grande expectativa de que o governo iria respeitar as contas públicas, os juros fechariam e o câmbio ficaria controlado. “Mas deu errado”, disse. 

Ainda no primeiro ano de mandato a curva de juros abriu e o câmbio subiu. “Isso levou os investidores a terem muitas perdas e desde o ano passado eles começaram a sair do país. Agora, precisa criar condições para eles voltarem”, disse o economista. 

Tem o curto prazo… 

Lisboa afirma que o Brasil tem problemas de curto e longo prazo. No curto prazo, “o emergencial é garantir que o fiscal não saia de controle”.  Para isso, o economista vê como a melhor saída limitar o crescimento dos gastos públicos

“No Brasil, não tem como cortar gastos de forma relevante. Esse não é um debate no Brasil. Nosso sistema legal limita muito o quanto de ajuste fiscal pode ser feito via corte de gastos. Nossa discussão é limitar o crescimento ou não”, disse.  

No caso de uma limitação eficiente, o economista acredita que os juros fechariam de forma saudável, sem pressão inflacionária, e a perspectiva de crescimento seria melhor para o longo prazo. 

Para isso, a agenda mais imediata do país também passa por outro tema, na opinião de Lisboa, o “oportunismo”. O ex-diretor de política monetária do Ministério da Fazenda entre os anos 2003 e 2005 vê muita captura dos recursos da União por pautas que não deveriam sequer ser cogitadas

“Um tema recente, o envio de verbas para os estados. O meu Rio de Janeiro mesmo. Os estados tomam o dinheiro da União, se endividam, dão aumento para servidores, gastam tudo e ninguém sabe muito bem como, quebram, pedem mais ajuda, e continua nesse ciclo. Mas o resto do país não deveria ter que trabalhar para ajudar o Rio de Janeiro, ou Minas Gerais”, afirma o economista. 

Segundo ele, da mesma forma que as pessoas devem ser responsabilizadas pelos seus erros, os estados também devem. “Que o estado arque com as consequências dos seus gastos e não sequestre os recursos do país.” 

… e o longo prazo 

Já para o longo prazo, Lisboa vê problemas na segurança jurídica do país. “Não dá para ter tanta volatilidade nas regras. Precisa ter um processo estruturado e não ficar mudando o tempo todo”, diz. Ele argumenta que ter regras e processos claros permite que o investidor não seja pego de surpresa e diminui a volatilidade que prejudica o crescimento do país. 

Infraestrutura também é uma questão, segundo o economista. “Há insegurança sobre os marcos regulatórios. Logística e energia precisam de regras mais claras”. 

“Nossas reformas têm problemas graves. No tributário, infelizmente a gente se atrapalhou no fim e caiu nas medidas oportunistas de curto prazo, mudando regras de supetão e gerou insegurança”, disse Lisboa. 

O economista argumenta que essa insegurança que se instalou nos últimos meses sobre o mercado financeiro “não veio de graça”. Segundo ele, são meses de falta de clareza e falta de confiança, por regras que não são cumpridas. 

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