Por que algumas mães não aceitam outra mulher na vida do filho?
Internautas debateram a relação das sogras e noras depois de assistirem ao reality 'Ilhados com a Sogra'
Após a segunda temporada de Ilhados com a Sogra (Netflix) viralizar, internautas questionaram a postura das sogras. Não permitir a presença de outra mulher na vida dos filhos, para alguns espectadores, estaria acontecendo no programa. Na vida real, esse comportamento prejudica todos os envolvidos.
O site britânico gurgle.com perguntou a mais de mil mulheres se elas tinham problemas com a sogra. A resposta assusta: sete em cada dez afirmaram ter uma relação difícil com a mãe de seus parceiros.
O excesso de críticas sobre a limpeza da casa onde o filho e a nora moram, a educação que eles dão aos filhos e até mesmo o pouco tempo que passaram a ter com o filho após o casamento estão entre os principais motivos, de acordo com o levantamento.
Por que algumas mães tratam seus filhos como parceiros?
Cada relação é única, mas existe uma semelhança entre elas. “A socialização patriarcal ensina às mulheres que seu valor está em cuidar e nutrir os outros, muitas vezes em detrimento de si mesmas”, explica Mayra Cardozo, terapeuta e especialista em gênero.
A dupla jornada de trabalho ‒ cuidar da casa e de um emprego remunerado ‒ é uma realidade para 80% das mulheres, aponta uma pesquisa do Infojobs. Outras tantas se dedicam integralmente à maternidade. Por isso, não é incomum que as mães não tenham tempo para cuidar de si mesmas e dos próprios interesses.
A solidão materna é uma sensação de isolamento que as mães podem enfrentar. Falta de apoio, desamparo emocional e pouco tempo para si estão entre as causas.
A consequência, para algumas delas, é depositar as expectativas emocionais de um parceiro na criança. “A dinâmica pode gerar um processo conhecido como parentificação, onde o filho assume papéis e responsabilidades emocionais ou práticas que não são adequados à sua idade.”
Elas buscariam a validação e o suporte que não encontram em seus relacionamentos adultos em seus filhos. “Acontece especialmente em contextos onde o parceiro é emocionalmente ausente”, diz Mayra. O problema é que isso prejudica o desenvolvimento emocional da criança.
“São expectativas que ela não está preparada para atender”. O filho pode crescer com dificuldades em estabelecer limites saudáveis, além de carregar sentimentos de culpa, inadequação ou raiva. “A longo prazo, também afeta seus próprios relacionamentos, tornando difícil para ele se posicionar como indivíduo e não como cuidador dos outros.”
Enquanto alguns se tornam excessivamente responsáveis, outros podem reprimir suas próprias necessidades para atender às expectativas da mãe e até desenvolver ressentimento, criar um distanciamento emocional e ter dificuldades em futuros relacionamentos, segundo Mayra.
“Em alguns casos, o impacto pode ser mais sutil, levando a desafios na construção da autonomia e a padrões de relacionamentos onde eles repetem ou buscam fugir dessas dinâmicas parentificadoras.”
Como acabar com esse problema?
O primeiro passo é entender de onde vem essa dinâmica. “É comum que mulheres sejam ensinadas a colocar as necessidades de todos à frente das suas, ignorando suas próprias dores e carências emocionais. Sem perceber, muitas mães acabam projetando em seus filhos expectativas emocionais que deveriam ser atendidas por pares adultos ou por redes de apoio.”
Para a especialista, a terapia com perspectiva de gênero é uma ferramenta essencial nesse processo. “Ela ajuda as mulheres a identificarem essas crenças internalizadas. Ao desconstruir essas ideias, as mães conseguem compreender que têm o direito de ter suas próprias necessidades e que essas devem ser atendidas de maneira saudável, sem sobrecarregar seus filhos com papéis que não lhes pertencem.”
Na vida adulta, o filho pode buscar colocar limites nessa relação e, caso não haja tentativa de mudança por parte da mãe, se afastar é uma possibilidade.
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