Como Raphael Montes Virou Um Fenômeno da Literatura Brasileira Atual

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Autor de obras como “Bom Dia, Verônica” e “Dias Perfeitos”, carioca tem 1 milhão de cópias vendidas e é sucesso de adaptações para o streaming – a mais nova delas, a 1ª novela da HBO Max O post Como Raphael Montes Virou Um Fenômeno da Literatura Brasileira Atual apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Jan 24, 2025 - 10:33
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Como Raphael Montes Virou Um Fenômeno da Literatura Brasileira Atual

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

Consolidado entre os autores mais bem-sucedidos do Brasil contemporâneo, Raphael Montes poderia mentir e dizer que nunca imaginou ter a magnitude que tem hoje. Mas não é verdade. “Meus amigos falam que, desde que comecei, eu sempre dizia que queria ter muitos leitores e chegar em muita gente”, ele relembra da versão adolescente, que escrevia desde os 15 anos e teve o primeiro romance publicado aos 20. “Vivo a realização de um trabalho árduo”.

Aos 34, o carioca acumula no currículo oito livros, um prêmio Jabuti e o posto de autor brasileiro mais vendido da Companhia das Letras em 2024: foram 250 mil cópias apenas no ano passado pela editora. Nos quase oito anos que está no selo, a soma é de 850 mil exemplares – sem contar as edições traduzidas para outros idiomas, que facilmente levariam esses números para a casa do 1 milhão. O suspense “Dias Perfeitos”, por exemplo, desembarcou em 25 países.

O que explica tamanho sucesso? Montes foi capaz de conquistar um público até então “órfão” de bons suspenses e dramas criminais nacionais. “Quando comecei, todo mundo dizia que livro policial não vendia no Brasil, que ninguém gostava de ler suspense ou terror. Falaram que isso daria errado”, conta.

No clima dos plot twists que o carioca tanto gosta, o que parecia um atestado de óbito para sua carreira não poderia estar mais errado. “Investi em um nicho que estava desocupado e, na crescente do interesse por essas histórias, o público me encontrou”. Não demorou muito para cativar fãs com suas narrativas intrigantes, de “Suicidas” a “Jantar Secreto”, recheadas de personagens profundos, suspense e uma série de reviravoltas, a assinatura de Montes.

Reprodução/Instagram

Raphael Montes publicou oito livros desde 2010

Fascinado por literatura policial desde criança, ele é enfático em definir seu estilo: “Gosto de escrever o que quero ler”.

Viver da própria arte

Montes virou exemplo de quem consegue se sustentar no ofício de artista no Brasil. Era para ter sido advogado, mas se deu a chance de tentar viver da literatura pós-faculdade de direito. Zero arrependimentos. “Minha definição de sucesso é fazer o que se ama, e tenho o privilégio de poder viver disso hoje”.

Viver de obras publicadas, porém, não acontece da noite para o dia. O carioca vendia uma quantidade considerável de livros, claro. Mas, junto aos royalties recebidos da editora, precisava se desdobrar com palestras, revisões para outros autores e mais alguns trabalhos para complementar a renda. Nesse contexto, dois pontos de virada fizeram a diferença.

Primeiro, a pandemia: “Houve um momento de reconexão com a literatura nessa época, uma maior vontade de ler. Pelo menos com o meu público, senti muita diferença, ‘Jantar Secreto’ até viralizou no TikTok”, afirma Montes. Um momento marcante aconteceu na primeira Bienal do Livro pós-pandemia, em que a fila de fãs foi tão grande que o escritor passou oito horas assinando autógrafos. “Foi daí que a dinâmica mudou e passei realmente a viver como um escritor de livros”.

Netflix/Divulgação

Primeira adaptação dos livros de Montes foi a série “Bom dia, Verônica”, que teve três temporadas na Netflix

Outro fator se chama audiovisual. Montes tem um caso sério com o cinema e a televisão desde 2015, quando foi contratado como roteirista pela TV Globo. Não demorou muito para conquistar o streaming, primeiro chamado pela Netflix para adaptar seu livro “Bom Dia, Verônica”, sucesso da plataforma com três temporadas. O timing foi propício: “Entrei no audiovisual em um momento que os streamings queriam dar chance a novas pessoas, já que os principais atores, diretores e autores estavam contratados pela TV aberta”.

Hoje experiente nesse mundinho, ele tem um combo cobiçado pelas plataformas e produtoras: o escritor que traz novas ideias e o produtor que sabe botá-las em prática na frente das câmeras. Daí a demanda por Raphael Montes no papel de roteirista, queridinho dos streamings. “A remuneração do audiovisual nem se compara com a literatura, é muito melhor”, garante.

Os trabalhos não faltam. Nos últimos anos, escreveu os roteiros da trilogia “A Menina que Matou os Pais” do Prime Video, sobre os crimes de Suzane von Richthofen, fez o filme “Família Feliz” com Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini e, na próxima segunda-feira (27), estreia como criador e roteirista da primeira novela brasileira da HBO Max, “Beleza Fatal”.

Com Camila Pitanga, Camila Queiroz e Giovanna Antonelli, na melhor mistura de thriller dramático, Montes realiza um sonho com a novidade: “Sempre quis fazer novelas, sou um apaixonado pelo gênero. Escrevi 40 capítulos e, sem dúvidas, foi o projeto audiovisual que mais gostei”.

Divulgação

Estrelas de “Beleza Fatal”, novela de Montes para a Max que foca em uma trama de vingança

Caldeirão de ideias

Antenado aos temas atuais, a mente criativa de Raphael não para. São tantas ideias fervilhando que o escritor criou a produtora Casa Montes em 2021, cujo trabalho é transformar seus conceitos iniciais em projetos prontos para serem apresentados aos principais players do audiovisual, de Netflix ao Globoplay. “90% são ideias originais minhas, mas também já compramos os direitos de outros dois livros de autores nacionais para adaptar”, conta.

Fato é que o carioca não tem medo de se arriscar e vê o enorme potencial de contar histórias locais, com o borogodó brasileiro: “O tempo é outro, o espectador quer ver narrativas do seu país. O quão legal é ter uma série com uma detetive em São Paulo, perseguindo um serial killer que pega suas vítimas na Rodoviária Tietê? A gente criou esse imaginário em ‘Bom Dia, Verônica’, por exemplo”.

Victor Prataviera

O escritor no set de “Beleza Fatal”

E ainda tem muito espaço para agir. “Vejo muitos formatos faltando no mercado nacional”, opina. Uma franquia brasileira de filmes de terror, à la “Pânico” ou “Halloween”, por que não? Para Montes, as possibilidades são infinitas, e a vontade de aceitar desafios é grande.

O ano de 2025 promete ser agitado. Nas telas, além de “Beleza Fatal”, a adaptação de “Dias Perfeitos” chega ao Globoplay em breve e versões cinematográficas de seus outros livros estão nos planos. Seu nono romance, um suspense, também está no forno, junto a tantas outras ideias. “Quero fazer mais novelas, mais filmes, séries. Quem sabe um musical. Projetos e vontade não faltam”.

Seja como autor, roteirista ou produtor, não se surpreenda se ver o nome Raphael Montes nos créditos de muitas obras nos próximos anos. Ele já avisou.

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