Papa ausente, super-ricos presentes
Poucos dias antes da mais importante celebração da Igreja Católica, na Páscoa de 2019 a catedral de Notre-Dame em Paris sofreu um terrível incêndio. Cinco anos depois, a duas semanas do Natal, a magnífica catedral gótica literalmente renasceu das cinzas abrindo de novo as suas portas para se mostrar radiante e luminosa. Este templo católico […]
Poucos dias antes da mais importante celebração da Igreja Católica, na Páscoa de 2019 a catedral de Notre-Dame em Paris sofreu um terrível incêndio. Cinco anos depois, a duas semanas do Natal, a magnífica catedral gótica literalmente renasceu das cinzas abrindo de novo as suas portas para se mostrar radiante e luminosa.
Este templo católico tem uma importância colossal para os crentes, mas é também um símbolo maior da civilização e cultura europeia e mundial. A relevância e valor sagrado de Notre-Dame, joia arquitetónica que acolhe de séculos de orações e fé não pode ser menosprezada. Por isso surpreendeu a ausência do Papa Francisco que rejeitou o convite do Presidente francês para a cerimónia de há dias, sem oferecer uma explicação oficial.
Em 2019, um bombeiro saiu da sua missão profissional convertido à fé. O capelão da catedral arriscou a vida, para no meio das chamas salvar a Coroa de Espinhos e o Santíssimo Sacramento. Os carpinteiros que restauraram os tectos do edifício pediram para que os seus machados fossem benzidos antes de começarem o seu trabalho. Mas o Papa recusou viajar até Paris, não percebendo a extraordinária oportunidade do sinal de fé e esperança que a sua presença daria a milhões de pessoas em todo o mundo. Contudo, a sua condição física é suficientemente robusta para iniciar no próximo dia 15 uma visita à Córsega.
Num comentário mais mundano e material lembro que para a restauração de Notre Dame foram arrecadados 846 milhões de euros entre 340 mil doadores privados e particulares de todo o mundo, incluindo doações milionárias por parte de duas das famílias mais ricas de França.
A reconstrução de Notre-Dame ilustra também como alguns bens públicos podem realisticamente ser financiados de forma privada por aqueles que preferem pagar um preço elevado para usufruir desse bem por razões subjectivas. Se é verdade que muita gente nunca estaria genuína e voluntariamente disposta a gastar o seu dinheiro para pagar pela restauração de Notre-Dame, também é verdade que se não existissem impostos tão elevados muitas mais pessoas teriam dinheiro para contribuir para uma obra que lhes diz muito. Entretanto, as doações dos super-ricos foram-nos muito úteis.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
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