O Macaco: Tragédias da vida real inspiraram novo filme de Stephen King

As adaptações das obras de Stephen King têm encantado – e assustado – o público desde 1976, mas nenhuma delas promete ser tão peculiar quanto O Macaco. Baseado em um conto do livro Tripulação de Esqueletos (1985), o filme conta com a direção de Oz Perkins, conhecido por sua abordagem única em filmes como Longlegs. Seu estilo inconfundível combina o terror psicológico com camadas surreais, características que prometem dar um tom inusitado à trama do macaco de brinquedo amaldiçoado.

O Macaco já tinha um roteiro sério pronto quando Perkins entrou no projeto. Porém, o diretor logo percebeu que a abordagem sombria não era suficiente para traduzir o absurdo do conto original de King. Decidido a imprimir sua própria visão, ele reformulou a narrativa, enfatizando o humor ácido que permeia a história. Afinal, como ele mesmo afirma, há algo quase cômico no conceito de um macaco de brinquedo que traz mortes absurdas para quem cruza seu caminho.

Oz Perkins e as tragédias que moldaram sua visão

A relação de Perkins com o tema do filme vai além da ficção. Em entrevistas, o diretor compartilhou como suas experiências de vida influenciaram sua conexão com a história. Filho do ator Anthony Perkins, famoso por seu papel em Psicose, e da fotógrafa Berry Berenson, sua vida foi marcada por tragédias inesperadas. Anthony Perkins faleceu em 1992, vítima de complicações relacionadas ao HIV/AIDS, enquanto Berry foi uma das vítimas dos atentados de 11 de setembro de 2001, a bordo do primeiro avião que atingiu o World Trade Center.

Essas perdas deixaram marcas profundas no diretor, que admite ter passado boa parte da vida tentando compreender o impacto dessas tragédias. “Cresci me sentindo mal, me perguntando por que meus pais morreram de maneiras tão injustas“, declarou. A conexão entre essas experiências e o tema de O Macaco – a inevitabilidade da morte e o absurdo de como ela pode ocorrer – é evidente.

O filme transforma essas reflexões em um equilíbrio entre horror e humor. Perkins acredita que abordar questões difíceis com leveza é a melhor forma de lidar com elas. Ele explica que todos enfrentam perdas, seja de forma silenciosa ou por meio de eventos extraordinários. “Às vezes, só podemos rir. O que mais podemos fazer?“

Uma adaptação aprovada por Stephen King

O enredo acompanha os irmãos Bill e Hal, ambos interpretados por Theo James, que se veem diante da necessidade de enfrentar o brinquedo amaldiçoado que assombra suas vidas. A interação dos personagens, pontuada por diálogos que oscilam entre o sarcasmo e o desespero, reforça a dualidade entre o terror e a ironia presente na história.

Stephen King, sempre atento às adaptações de sua obra, já conferiu o filme e, segundo Perkins, adorou o resultado. O novo trailer do longa reflete o tom “tragicômico” que o diretor buscou, apresentando cenas que misturam humor e momentos grotescos.

Com uma abordagem visual que promete surpreender, Perkins incorpora elementos quase caricatos à narrativa, sem perder o impacto emocional das mortes retratadas. É essa combinação de absurdo e profundidade que diferencia O Macaco das adaptações mais convencionais de Stephen King.

Oz Perkins já demonstrou sua habilidade em explorar temas complexos através de uma lente incomum em seus trabalhos anteriores. O Macaco parece seguir essa mesma linha, mesclando o grotesco ao humor para criar uma experiência cinematográfica que provoca tanto risos quanto arrepios. Para o diretor, essa é uma forma de tornar o terror mais próximo do público, conectando-se a questões de perda e resiliência.

O Macaco tem estreia prevista para 20 de fevereiro.

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