Colinho português aos gangues moçambicanos
Karl Marx, Vladimir Lenine, Mao Tsé Tung, Ho Chi Min, Kim Il Sung: são nomes de algumas das principais avenidas da cidade de Maputo, capital de Moçambique. O problema não é a toponímia, mas o facto de estas, digamos, «personalidades históricas», continuarem a ter ressonância no modo de pensar e influência na doutrina política daquela […]
Karl Marx, Vladimir Lenine, Mao Tsé Tung, Ho Chi Min, Kim Il Sung: são nomes de algumas das principais avenidas da cidade de Maputo, capital de Moçambique.
O problema não é a toponímia, mas o facto de estas, digamos, «personalidades históricas», continuarem a ter ressonância no modo de pensar e influência na doutrina política daquela sociedade.
São estas inspirações políticas que fazem com que volvidos quase 50 anos da sua independência Moçambique continue a ser um dos países mais pobre do Mundo. Diria até que é uma sociedade falhada, que por culpa própria se deixou capturar pela cleptocracia dos seus dirigentes políticos, por diversos gangs de interesses económicos instalados que extraem para meia dúzia de beneficiários aquilo que nunca chegará aos restantes 34 milhões de habitantes. É um país sem instituições credíveis, em que o Estado de Direito é apenas uma miragem e onde as comunidades urbanas vivem num contexto de ausência dos mais elementares princípios éticos e morais.
É sério o problema do terrorismo islâmico em Moçambique; o país tornou-se entreposto útil para o narcotráfico; as cidades acolhem o refugo da criminalidade internacional fugida à Justiça.
Há dezenas de anos que qualquer representação diplomática em Maputo sabe que as eleições e as consultas populares são uma fantochada, um exercício de faz-de-conta organizado pelas várias facções da pequena classe dirigente e as máfias económicas que mandam. Uma roubalheira pegada! Um descaramento de manipulação.
Apesar disso, talvez reflexo de um infundado trauma psicológico de ex-colonizador, Portugal, ou melhor, a oligarquia que por cá também existe, sempre se fez míope perante esta realidade e deu colinho aos prevaricadores que em Moçambique traíam o seu próprio povo, bastando recordar os abraços dados e a cumplicidade repulsiva de Marcelo Rebelo de Sousa como presidente da república cessante de Moçambique.
Cada país sabe de si. Os moçambicanos darão o destino que quiserem a Moçambique.
Já em Portugal, conviria era ter políticos mais asseados e inteligentes.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:
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