Agroindústria: Como a IA Vem Moldando o Biscoito Mais Vendido do Mundo

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Junte farinha de trigo, açúcar, óleo ou gordura vegetal, cacau, fermentos químicos e sal. Faça um biscoito. Depois, recheie com um creme de baunilha, ou pode também ser de chocolate, amendoim, manteiga de cacau, ou algum outro. Agora, conte uma história que começou lá em 1912 e está feito o biscoito Oreo, o mais vendido do mundo, em cerca de 100 países. Em mercados tão diversos quanto os Estados Unidos, Índia e Brasil, o Oreo disputa espaço destinado a um biscoito premium e indulgente.

Criado pela National Biscuit Company (hoje Mondelēz International), com sede em Chicago, no Illinois, e presente em 150 países, a agroindústria acha que isso ainda não é suficiente. Neste ano, a promessa é de seis novos produtos com uso da inteligência artificial (IA) para criar sabores e estratégias de mercado. Isso porque a empresa aposta em antecipar tendências de consumo e atender um consumidor ávido por novidades. Elas vão de cookies em edições limitadas, ao retorno de seus famosos bolinhos dourados e recheados com creme, que estão fora das prateleiras há cerca de uma década. Bolinhos são uma tendência da indústria de alimentos neste momento.

Segundo a empresa, o que mantém seu icônico biscoito em cena é a revolução silenciosa causada pelo uso estratégico da IA. A Mondelēz International vem investindo na tecnologia para acelerar a criação de novos sabores, otimizar receitas e atender demandas específicas de consumo. Mas a empresa não está sozinha no uso da IA e enfrenta concorrentes globais como Nestlé, Mars e Hershey’s.

Na Mondelēz, desde sua implementação em 2019, a IA já foi utilizada em cerca de 70 projetos. O processo começa com a definição de parâmetros pelos desenvolvedores, como atributos de sabor, metas nutricionais e custos.

Biscoito criado em 1912 virou um ícone

A partir daí, a tecnologia gera receitas baseadas em combinações que atendem a esses critérios. As amostras são então submetidas à avaliação por provadores humanos, que dão feedback para que a IA refine as sugestões de forma iterativa. Entre os exemplos de aplicação da IA estão, por exemplo, os biscoitos Oreo sem glúten.

De acordo com Farooq Ali, diretor de produtos da Thoughtworks, empresa que colaborou com a Mondelēz nessa jornada, a IA funciona como um catalisador para a criatividade humana, lapidando ideias que talvez não surgiriam de forma espontânea. Além disso, a Mondelēz vem utilizando IA para personalizar estratégias de marketing. Vale registrar que o biscoito tem forte presença online e atrai por seus memes, receitas, jogos, entre outros.

No Instagram, o Oreo tem 3,7 milhões de seguidores, no Tik Tok são 2,1 milhões e no Youtube há vídeos únicos com 140 milhões, no caso em português. Não por acaso, um dos seus 11 centros globais de pesquisa e desenvolvimento está no país, o Tech Center, em Curitiba (PR).

A diversificação de portfólio, aliada à adoção de tecnologias como a IA, é vista como um dos pilares para sustentar esse crescimento nos próximos anos. Para 2024, a Mondelēz já relatou forte crescimento no terceiro trimestre, com um aumento de 5,4% na receita líquida orgânica, que são os últimos dados fechados. No ano fiscal 2023, a empresa faturou US$ 36 bilhões, ante US$ 31 bilhões registrados em 2022.

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