10 Considerações sobre O Diabo de uma perna só, de Pedro Sirna ou não entre na floresta

O Blog Listas Literárias leu O Diabo de uma perna só, de Pedro Sirna, publicado pela Editora Albatroz. Neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro ou porque é melhor não entrar na floresta, especialmente se estivers sequestrando uma criança:1 - Levando as criaturas do folclore nacional para o horror e suspense, Pedro Sirna em O Diabo de uma perna só apresenta-nos uma história curta, marcada pela ação do presente sombrio que recai sobre seus personagens que em rápidos flashbacks recosntituem seus próprios demônios pessoais. Trata-se de uma leitura rápida, o livro é curto e vertiginoso, de modo que você pode lê-lo tranquilamente em menos de um dia;2 - Aliás, é uma narrativa que aproxima-se muito do conto em virtude de sua narrativa concentrada numa noite tenebrosa em meio a uma floresta e seus poucos personagens que serão atormentados de forma mortal por criaturas desse espaço mítico, especialmente o Saci, aqui numa visão bastante sombria do diabrete folclórico e mesmo de Anhangá. Na verdade a floresta se mostrará aos personagens um pesadelo tanto do presente quanto de seus passados;3 - Mas que são esses personagens, então? Aqui uma questão curiosa na forma com que Sirna procura nos entregar uma obra de terror em que o leitor não se compadeça dos que serão atacados pelas criaturas monstruosas: em vez de levar para a floresta cheia de perigos qualquer grupo de pessoas marcadas por certa inocência, jovens se divertindo, aventureiros, como geralmente ocorre nestas narrativas, os que entrarão na florestão pertence a um grupo de sequestradores que tem sob domínio a fonte mais ingênua, e naturalmente a candidata a ser poupada, uma jovem menina. São ao todo cinco os que adentram à mata para usar um barraco como cativeiro;4 - E, embora haja certo mergulho nas constituições únicas de cada uma dos personagens que ali estão, suas diferenças, suas razões para envolverem-se em tal crime, o que marcará mesmo a narrativa será a rapidez como as coisas se desenvolvem e logo inserem os personagens numa violenta espiral de horror. Despertadas tais e sombrias criaturas, elas passam a agir intensamente sobre os sequestradores e a jovem sequestrada;5 - Todavia, vale dizer que dentro das identidades próprias dos sequestradores, cada qual apresentará razões distintas para se envolverem no ato, e Janete e Ganso especialmente serão tratados com certa complexidade, visto que a história de cada um, inicialmente sugere camadas mais complexas do que leva-os até ali. Nisso paira certa ambiguidade em reticências do narrador que em determinados momentos soa titubeante quanto ao que pensar de ambos, ainda que no caso de um deles, demonstrará uma redenção, redenção é bem verdade que ao preço mais alto que se pode pagar;6 - Aliás, vale dizer que aparentemente tênues, quase despercebida a leitores desatentos, a narrativa de certa forma adentra a questões e valores morais que parecem-nos mais que o próprio narrador, ser elas a conduzir e construir os desfechos da narrativa. Tudo isso chega-nos um tanto mascarado, entretanto há algumas visões nesse sentido que estão ali sutilmente ocultas sob o plano da ação enquanto todos tentam escapar das tenebrosas criaturas;7 - Aliás, no gênero vale dizer que a narrativa é eficiente ao que se propõe, até porque o horror muitas vezes convida ao clichê, os quais encontraremos alguns, que nesse caso, menos defeito, são mais acertos no sentido que podem cativar os leitores do gênero. As cores sombrias a algumas figuras do nosso folclore soa convincente, o que é bom para o horror nacional;8 - Entretanto, um detalhe que poderia ser melhorado, a despeito do bom texto do autor e da boa edição, é o uso da linguagem oral no texto. A tentativa de colocar uma voz "marginal" a seus personagens, sooa um tanto deslocada, porque pereceb-se o uso pontual dessa oralidade e não uma constante. Além disso, algumas expressões dessa oralidade são postas com uma grafia não usal quanto à sonoridade das palavras;9 - No fim, resta-nos um desfecho clássico, não sem seus recados (a questão dos valores), com quem tendo de pagar por seus pecados pagando e a salvação procurando pela ingenuidade da infância. Aliás, outro elemento tradicional do gênero já que a paz chega com a aurora, legando à noite o terreno do assombro e do horror. A chegada do sol indica o descanso das criaturas monstruosas que relaxarão até que novos incautos invadam seus domínios;10 - Enfim, O Diabo de uma perna só é uma leitura rápida e eficiente em sua proposta entregando-nos um horror com tintas nacionais de nosso folclore numa noite muito louca e assutadora como devem ser as narrativas de horror. Em meio a essa ação o leitor ainda pode pescar a presença de alguns valores, sejam ambíguos ou complexos, que permeiam a criatividade da narrativa;:: + na Amazon ::

Jan 23, 2025 - 17:07
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10 Considerações sobre O Diabo de uma perna só, de Pedro Sirna ou não entre na floresta

O Blog Listas Literárias leu O Diabo de uma perna só, de Pedro Sirna, publicado pela Editora Albatroz. Neste post as 10 considerações de Douglas Eralldo sobre o livro ou porque é melhor não entrar na floresta, especialmente se estivers sequestrando uma criança:


1 - Levando as criaturas do folclore nacional para o horror e suspense, Pedro Sirna em O Diabo de uma perna só apresenta-nos uma história curta, marcada pela ação do presente sombrio que recai sobre seus personagens que em rápidos flashbacks recosntituem seus próprios demônios pessoais. Trata-se de uma leitura rápida, o livro é curto e vertiginoso, de modo que você pode lê-lo tranquilamente em menos de um dia;

2 - Aliás, é uma narrativa que aproxima-se muito do conto em virtude de sua narrativa concentrada numa noite tenebrosa em meio a uma floresta e seus poucos personagens que serão atormentados de forma mortal por criaturas desse espaço mítico, especialmente o Saci, aqui numa visão bastante sombria do diabrete folclórico e mesmo de Anhangá. Na verdade a floresta se mostrará aos personagens um pesadelo tanto do presente quanto de seus passados;

3 - Mas que são esses personagens, então? Aqui uma questão curiosa na forma com que Sirna procura nos entregar uma obra de terror em que o leitor não se compadeça dos que serão atacados pelas criaturas monstruosas: em vez de levar para a floresta cheia de perigos qualquer grupo de pessoas marcadas por certa inocência, jovens se divertindo, aventureiros, como geralmente ocorre nestas narrativas, os que entrarão na florestão pertence a um grupo de sequestradores que tem sob domínio a fonte mais ingênua, e naturalmente a candidata a ser poupada, uma jovem menina. São ao todo cinco os que adentram à mata para usar um barraco como cativeiro;

4 - E, embora haja certo mergulho nas constituições únicas de cada uma dos personagens que ali estão, suas diferenças, suas razões para envolverem-se em tal crime, o que marcará mesmo a narrativa será a rapidez como as coisas se desenvolvem e logo inserem os personagens numa violenta espiral de horror. Despertadas tais e sombrias criaturas, elas passam a agir intensamente sobre os sequestradores e a jovem sequestrada;

5 - Todavia, vale dizer que dentro das identidades próprias dos sequestradores, cada qual apresentará razões distintas para se envolverem no ato, e Janete e Ganso especialmente serão tratados com certa complexidade, visto que a história de cada um, inicialmente sugere camadas mais complexas do que leva-os até ali. Nisso paira certa ambiguidade em reticências do narrador que em determinados momentos soa titubeante quanto ao que pensar de ambos, ainda que no caso de um deles, demonstrará uma redenção, redenção é bem verdade que ao preço mais alto que se pode pagar;

6 - Aliás, vale dizer que aparentemente tênues, quase despercebida a leitores desatentos, a narrativa de certa forma adentra a questões e valores morais que parecem-nos mais que o próprio narrador, ser elas a conduzir e construir os desfechos da narrativa. Tudo isso chega-nos um tanto mascarado, entretanto há algumas visões nesse sentido que estão ali sutilmente ocultas sob o plano da ação enquanto todos tentam escapar das tenebrosas criaturas;

7 - Aliás, no gênero vale dizer que a narrativa é eficiente ao que se propõe, até porque o horror muitas vezes convida ao clichê, os quais encontraremos alguns, que nesse caso, menos defeito, são mais acertos no sentido que podem cativar os leitores do gênero. As cores sombrias a algumas figuras do nosso folclore soa convincente, o que é bom para o horror nacional;

8 - Entretanto, um detalhe que poderia ser melhorado, a despeito do bom texto do autor e da boa edição, é o uso da linguagem oral no texto. A tentativa de colocar uma voz "marginal" a seus personagens, sooa um tanto deslocada, porque pereceb-se o uso pontual dessa oralidade e não uma constante. Além disso, algumas expressões dessa oralidade são postas com uma grafia não usal quanto à sonoridade das palavras;

9 - No fim, resta-nos um desfecho clássico, não sem seus recados (a questão dos valores), com quem tendo de pagar por seus pecados pagando e a salvação procurando pela ingenuidade da infância. Aliás, outro elemento tradicional do gênero já que a paz chega com a aurora, legando à noite o terreno do assombro e do horror. A chegada do sol indica o descanso das criaturas monstruosas que relaxarão até que novos incautos invadam seus domínios;

10 - Enfim, O Diabo de uma perna só é uma leitura rápida e eficiente em sua proposta entregando-nos um horror com tintas nacionais de nosso folclore numa noite muito louca e assutadora como devem ser as narrativas de horror. Em meio a essa ação o leitor ainda pode pescar a presença de alguns valores, sejam ambíguos ou complexos, que permeiam a criatividade da narrativa;

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